Joe foi artista plástico, desenhista, ator e diretor de teatro. Também dirigiu o documentário em longa-metragem “Tradução da Miséria” e o curta “Poema em Preto e Branco”. Na área das artes plásticas, realizou e participou de exposições no Brasil e em Portugal, tendo como destaque a sua coleção “Anjos Urbanos”. Seu estilo viaja entre surrealismo, dadaísmo e uma forte crítica social.
Quando perguntavam ao Joe qual era sua profissão, a resposta era “desenhista”. Desde muito novo, encantado pelas HQs e pelo universo dos super-heróis, se descobriu artista. Autodidata, aprendeu a desenhar e teve carreira também como ilustrador.
O Joe era meio que o cara que sabia fazer de tudo um pouco. Curioso, interessado e dedicado. E autêntico. Muito autêntico. Depois descobri que seu apelido foi criado como nome artístico no mercado internacional. Ele se interessou pela pintura e, posso dizer, que ali transparecia a sua verdadeira essência. Tudo que era do Joe estava ali naquelas pinceladas. O Joe pintava o que ele queria. Bastante influenciado pelas questões políticas e sociais, usava a arte como forma de expressão e manifestação da sua visão anarquista.
Paisagens góticas eram uma de suas predileções. Acho que essa era a parte obscura do Joe. Quase cego devido a complicações da diabetes, tons escuros e um céu noturno com lua cheia tornam concretos os sentimentos advindos da sua condição física. Adentrou o mundo do teatro onde descobriu sua maior vocação: a de ensinar. Joe tinha amor e entrega. Com uma didática cativante, não apenas era um ótimo professor, como também era amigo. Um amigo e sempre preocupado e disposto a ouvir e aconselhar. O Joe era um cara muito humano.
Joe foi um dos fundadores do Conselho Municipal de Cultura de Santa Cruz do Sul. Sempre muito inquieto, inconformado e disposto a transformar. E ele conseguiu. Deixou tantas marcas e saudade. Ficou sua arte e ficou sua falta. Eu poderia escrever tanto mais, mas fica essa pequena homenagem a esse que foi tão gigante.
Paola Simonetti